O Retrocesso Global e o Impacto nas Mulheres em TI

Nos últimos anos, as mulheres conquistaram avanços significativos no setor de tecnologia, superando barreiras históricas e ocupando espaços antes inacessíveis. No entanto, estamos vivendo um momento preocupante de retrocesso, em que mudanças geopolíticas e políticas externas ameaçam diretamente esses direitos duramente conquistados.

A retirada de incentivos e apoios para minorias, incluindo mulheres em TI, já começa a mostrar seus impactos. Relatos de pesquisadoras que tiveram projetos cortados, programas internacionais cancelados e oportunidades eliminadas evidenciam essa nova realidade. Como menciona uma profissional da área:

“Sim! Já começou com as outras… A realidade da pesquisa nos EUA está lamentável! Uma colega da Digital Gov Society, que trabalha com aspectos éticos da IA, teve sua verba de projeto cortada, e o marido, que estava em uma das ‘aid’ agencies, teve que voltar para os EUA overnight e foi demitido. Uma coisa é vermos as notícias, outra é termos colegas pesquisadoras passando por tudo isso. Muito lamentável!”

Outro depoimento reforça essa situação:

“Eu era representante brasileira do programa de consenso global para IA ética, liderado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. Minha viagem para a reunião presencial de março foi cancelada, assim como todo o programa. Um ano de reuniões e esforços jogados no lixo.”

Esses não são casos isolados. O impacto da política externa afeta diretamente a comunidade global de tecnologia, pois vivemos em um mundo interconectado. Muitas profissionais de TI no Brasil trabalham para big techs internacionais, colaboram em pesquisas estrangeiras ou dependem de financiamento global. Quando políticas externas desfavorecem a diversidade, isso ecoa por toda a indústria, restringindo oportunidades e dificultando a ascensão profissional das mulheres.

É profundamente preocupante ver esse desmonte de políticas de inclusão e financiamento científico, especialmente em áreas críticas como inteligência artificial e ética na tecnologia. A presença de mulheres nesses espaços não é apenas uma questão de representatividade, mas de garantir que a tecnologia do futuro seja construída por mentes diversas, considerando múltiplas perspectivas.

Não podemos ignorar os impactos dessas mudanças. Precisamos resistir ao retrocesso e continuar lutando para que as conquistas das mulheres em TI não sejam apagadas por decisões políticas de curto prazo. A tecnologia deve ser um espaço de inovação e inclusão — não um reflexo de políticas excludentes que comprometem o progresso da sociedade como um todo.

Artigo Escrito por: Elisangela Silva Dias – Coordenadora do Comitê Mulheres na T.I

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